sábado, 10 de janeiro de 2015

Procura-se


Procura-se o homem que não me procurou. Durante quinze dias eu o esperei, liguei, mandei mensagens, telefonemas, telepatias. Por favor, se você o encontrar, avise ou o traga até mim. Esse homem pode ser você. Se for, por que? Porque me fizeste cair nessa armadilha de esperar sem precisar porque você já está em outra, porque não quer, porque esqueceu. Procura-se o homem que me fez esquecer os outros, que me amou na cama durante uma noite inteira e de manhã, quando as outras janelas já se abriam para os poucos raios de luz. Procura-se o homem que eu disse “não” querendo dizer “sim”, porque ele fez nascer o orgulho que não tinha lá, esse orgulho que não deixa as pessoas viverem e fazerem o que querem, sabe? Esse orgulho que, muitas vezes, temos que ter para não sofrer ainda mais. Procura-se o homem que me buscou às duas da manhã em casa só porque estava com saudades. Esse mesmo homem, que se procura, me deixou esperar quinze dias sem notícias. Procura-se o homem abalado, sofredor, indeciso, que pode ter feito sem querer, mas abalou um coração que também sofre, também é magoado vez-sim, vez-não.  Procura-se o homem que me abraçou por trás e perguntou o motivo de eu olhar tanto a janela e que riu quando eu disse que era pelos ângulos dos prédios e a ilusão de estar em outra cidade. Procura-se o homem que me fez pensar no futuro e não mais – tanto – no passado. Mas esse homem, agora, não está aqui. Procura-se eu, novamente. Onde estou? Quem sou eu, agora?
Procura-se um Homem. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário