quinta-feira, 9 de julho de 2015

Se todos fossem que nem você

Se todos fossem que nem você, meninas se apaixonariam diariamente. Não só por você, mas pela vida, porque todos de você mostrariam um lado leve de viver. Se todos fossem que nem você, haveria menos medo, menos tensão, menos raiva e mais frio na barriga, mais cantoria ao pé do ouvido e beijos apaixonados. Ah, se todos fossem que nem você, não seriam tão ambiciosos, trabalhariam para se sustentar e seriam felizes do jeito que são, morando numa casinha com o escritório no andar debaixo. Todos seriam mais simples porque haveria clareza nas palavras, mas sem deixar a firmeza de lado. Se todos fossem que nem você, o sexo seria maravilhoso e constante. Seria doce e cansado, como tem que ser quando vale a pena, como com você vale. E quem estivesse com um de você acordaria sorridente e receberia um bom dia logo de cara, acompanhado de um afago nos cabelos.
Se todos fossem que nem você, o mundo teria graça para os outros que não te conhecem, mas eu me sinto sortuda porque - especialmente - só eu sei, só eu conheço apenas um, que é você.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Nascido para matar... De rir!


Há alguns anos, venho me interessando muito por comédia. Na escola, eu era a divertida da turma, contava piadas e, assim, conseguia fazer rir todos a minha volta. Em 2011, decidi começar pelo que eu mais gostava no momento: Stand-up Comedy. Fiz um curso com o – atual estrela – Fábio Porchat.
O curso em si não me ajudou a ser uma comediante – ainda me falta ser mais cara-de-pau! - Mas conheci pessoas diferentes e atores, que poderiam fazer com muito mais facilidade o que era muito difícil para mim.
Só esse ano peguei para ler um livro que comprei na época do curso. Ele se chama Nascido para matar... De rir, e o autor é ninguém mais, ninguém menos do que Steve Martin (O Panaca, O Pai da Noiva, Doze é Demais). Apesar de ser uma autobiografia – que Steve identifica como “biografia”, já que ele se sente uma outra pessoa desde que começou a lembrar memórias antigas e escrever – e ter momentos de glória, ele fala sobre a vida sofrida da infância, os problemas com o pais e a irmã, a época de adolescente, quando a moda era pregar o “amor” por todas as pessoas, a primeira transa e a relação com as mulheres.
No livro, Steve conta como começou de baixo, quando era apenas uma criança e ganhava 2 centavos para trabalhar distribuindo guias na Disneylândia, em Anaheim (CA), seus primeiros contatos com mágica e como começou a fazer teatro. Nunca se estabeleceu em algum lugar, sempre morou com amigos, morou em garagem e transitou por todos os estados americanos.
Com o livro, aprendi técnicas de fala, da estrutura de uma piada e de como se portar em cima de um palco. Me reviveu muito o que o curso ensinou, mas agora de uma forma real. É claro ver o sucesso de Steve Martin, um cara comum que se tornou um sucesso. Steve também errou, também fez piadas que ninguém riu, fez shows para casas vazias só para quem estivesse do lado de fora ver que tinha um homem falando em um palco, ficar curiosa e entrar. Às vezes é preciso desistir de algo fixo porque o que se realmente quer é outra coisa, e é preciso batalhar para conseguir. E se um dia te falarem para não desistir de algo, você pode dizer “Steve Martin desistiu para buscar algo muito maior e conseguiu chegar onde queria! Por que eu não posso?!”.
Nascido para matar...De rir é um ótimo livro para os amantes da boa comédia e para impulsionar pessoas a buscarem um objetivo na vida. Afinal, nada vem fácil. Se quer rir... Tem que saber fazer rir!
E o Stand-up comedy... Bom, um dia eu te chamo! 

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quinta-feira, 18 de junho de 2015

O melhor do casamento



Estava comentando com um amigo que iria pro casamento de um primo em São Paulo. Ele diz:

- Ah, o melhor do casamento é a lua-de-mel!

No atual momento, não me espanta que digam isso. Num mundo onde as pessoas não se importam mais com as outras (a não ser pela intimidade), a única coisa que conta é... 

- Você diz a lua-de-mel pelo sexo?
- Não, pelo momento junto.
- Mas eles vão ficar junto pela vida inteira... Pelo menos é pra isso que servem os casamentos, não é?

E aí me perguntei: Qual será a melhor parte de um casamento? A festa em si não é o mais importante,  claro, mas seria um ótimo começo. Escolher o vestido e ver todas as pessoas que eu amo ao meu redor é, sem dúvidas, muito emocionante só de pensar. E tem que ser na Igreja Santa Margarida Maria, a mesma que os meus avós se casaram. Estão há 57 anos juntos, vai que dá sorte?! Mas se eu não casar na igreja, poderia casar numa casa linda, na praia, num lugar sem luxo também... Poderia viajar pra casar. Conheço um casal que casou em Las Vegas, só com os pais presentes. Afinal, qual é a parte mais importante? Pra mim, achar amor nas pequenas coisas. É o mais difícil com o passar do tempo, mas se a essência é o que conta, há de ter um detalhe que valha a pena um todo. O melhor do casamento é namorar a pessoa que você casou, é não mudar o jeito só porque assinou um papel. Vocês vão continuar indo na casa da sogra aos domingos, vendo filmes juntos e beijando a mesma boca. Só o que muda é que agora, com as escovas de dente no mesmo banheiro. A melhor parte do casamento é admirar a pessoa que você casou, é poder dizer que aquela pessoinha te escolheu pra passar a vida junto, e você não poderia ter escolhido outra também. Casar é dividir casa, conta, comida, obrigações e multiplicar amor e alegria. A melhor parte do casamento é saber ouvir, discordar, mas respeitar acima de tudo. É saber que o outro precisa ter privacidade e que, às vezes, só o que você pode fazer é compreender e aceitar. Aceitar que todos nós também temos segredos e nem tudo queremos compartilhar. Mas a melhor parte do casamento é isso, é aceitar o outro do jeito que ele é e estar com ele como diz na Bíblia, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Talvez a melhor parte do casamento seja acordar sem querer primeiro do que o outro e ficar observando ele dormir, e quando ele acordar, vocês só ficarem se olhando por um bom tempo sem dizer nada. A melhor parte é se comunicar pelo olhar. É criar um espaço onde o amor exista, mesmo sem precisar ser dito. Tipo, uma aura, sabe? A gente sabe quando tem. 

Eu não sei qual é a melhor parte de um casamento, confesso. Nunca casei. Posso imaginar quantas batalhas é preciso vencer para estar com o outro debaixo do mesmo teto. E, pra casar, o sexo tem que ser fenomenal, é verdade. E não pode faltar amor. Mesmo vestindo uma carapuça selvagem. 
É, talvez a lua-de-mel seja um bom começo. 

segunda-feira, 9 de março de 2015

Bad Trip


- Será que é melhor levar ela pro hospital, cara? - disse Gustavo, em tom de preocupação para Silvana e meu primo Vicente.

Era a segunda crise em 10 minutos. Falta de ar, tremedeira, calafrios, sensação de que iria morrer:
- Nããão, cara, não precisa. Já vai passar - Acalmou Vicente.

Olhei em volta e tudo rodava. Olhei para Silvana, sentada ao meu lado, rindo e tomando vinho. Como se nada estivesse acontecendo. "Vou morrer", pensei de novo quando se iniciava a terceira crise.

- Calma, Ma, vamos de novo respirar todos juntos, ó. - Disse Gustavo, iniciando um mantra da respiração. Totalmente chapado.

Mesmo apavorada, botei uma mão no rosto e abri um meio sorriso:
- Cara, isso é coisa de gente chapada.

Nessa hora, Silvana soltou um riso alto e disse, com seu sotaque italiano:
- VIU! JÁ ESTÁ BOA!

Era a quinta vez que eu fumava maconha e a primeira que dava certo - ou extremamente errado. - Eu não estava nem perto de ficar boa, mas quando a crise passava nós ríamos feito crianças. Vicente estava nervoso e fazia muitas piadas para tentar me distrair, mas eu só conseguia pensar no tempo que não passava, nos meus pais e em como minha mãe encararia a vida sem mim. Mais paranóia do que onda. Eu seria capa de vários jornais pelo Brasil, logo depois do jovem que morreu porque bebeu 30 copos de vodka numa disputa imbecil de quem bebia mais. Já que não apareceria na TV como uma jornalista formada, apareceria como pauta. Très bien! E as senhoras no interior de Minas comentariam "ah, mas esses jovens não têm responsabilidade messss, né? Minha nossinhora!", tricotando na varanda. Me achei idiota. Traguei 4 vezes? Talvez fosse muito para a primeira vez, e para alguém que tomou um dedo de vinho, que nem gosta. Thereza ja me avisou que bebida e maconha não davam certo. Merda, não ouvi ninguém.

- Eu quero ir pra casa, Vi, me leva pra casa! - eu grunhi meio chorosa e muito assustada:
- Vamos - ele disse em tom firme. Eu sabia que ele estava tão chapado quanto eu, mas não queria transparecer e sim, passar segurança. E passou.

Em menos de cinco minutos estávamos de mãos dadas andando pelo corredor do prédio de Gustavo, indo pegar o elevador. Vicente me deu o braço para eu me sentir ainda mais protegida e, por um segundo, me senti uma das senhorinhas de Minas que fazem comentários sobre como o Brasil está decaindo de ano em ano e esses jovens estão cada vez mais inconsequentes.

Fizemos o caminho que Gustavo disse para pegarmos um táxi. Passamos por uma Lei Seca quase desmontada e um alarme vermelho soou em minha cabeça: polícia.
Quando se está tendo uma crise, qualquer coisa que se pense vira um ciclo. Polícia, cadeia, interrogatório. Ninguém morre no Brasil por portar drogas, por enquanto só na Indonésia. Tive controle o bastante para deixar a palavra-vermelha-que-latejava-na-cabeça de lado e entramos no táxi:

- Acho melhor você ir pra minha casa. Lá, você se acalma, a gente conversa e, quando você se sentir melhor e confiante, vai pra casa.

Topei. Estava com receio de ir pra casa e, apesar de saber que não seria julgada, senti um medo bobo disso acontecer, ou não saber como contar para minha mãe. No carro, Vicente pediu para eu olhá-lo. Achei que ele faria uma piada e desviei o olhar duas vezes. Em outro pensamento distante, ele diria que chegou a conclusão que me acha, sim, bonita, e pediria perdão pelas vezes que ficou em silêncio quando eu o perguntei, no mesmo dia. A verdade é que ele achou muito louco aquele vídeo que as pessoas se olham por quatro minutos. Chegamos. Não sabia se tinha sido rápido ou devagar. Estava sem parâmetro de tempo.

Entramos no prédio e eu tentei fingir normalidade. Já foi um lucro não ter tido nenhuma crise dentro do táxi. Cumprimentei o porteiro e entramos no elevador. Chegando no apartamento, sentei no sofá e novamente pensei na vida. A crise veio e eu tremia de pavor e de frio. Bebi água e confessei que estava com medo, já chorando. Vicente me abraçou e disse que sabia qual era essa sensação, que era bom eu estar ali com ele que era alguém conhecido. Sentia um medo puro do julgamento, do hospital, de criar alguma paranóia, síndrome do medo, pânico, ansiedade, morte. Sempre ela. Que bobagem, talvez a morte seja mais fácil do que a vida.

Recostei no sofá e tombei a cabeça para trás, com os olhos fechados. Sentado ao meu lado, ele passou lentamente o dedo pela minha testa até a ponta do nariz, num movimento vai-vem. Ele disse que eu era igual ao meu pai e passou o dedo mais forte no meu ossinho levemente acentuado do meio do nariz dizendo "principalmente aqui". Entrei num mundo de carinho e fofura naquele momento, mas imaginei que, se eu o olhasse, aquele ângulo não seria o melhor e, talvez, ele me achasse feia de novo. Ri, pensando que o que havia acabado de pensar era besteira, ri de mim, dele. Tudo começou a ficar mais leve e calmo.

Dançamos, falamos sobre coisas e as repetimos porque não conseguimos prestar atenção, e ele vestiu as roupas que compramos no shopping na minha frente. Agora, numa onda de diversão e companheirismo, pura maconha no cérebro, sem bad vibes. Nos abraçamos e pedimos desculpas por brigas e arrependimentos passados, como se estivéssemos num show e tocasse a nossa música preferida. A trilha da vida real era o barulho de chuva e as nossas vozes, por vezes atrapalhadas por algumas fungadas. Vicente, ali, era meu primo, minha família, minha fortaleza. Chapado sóbrio, de um jeito que só ele consegue ficar. Calma, você não vai morrer, não. É só uma bad trip.

E a velhinha mineira, sentada na varanda, vendo aquela cena, disse "esses jovens... cada vez mais loucos! Eu num intendo é mais nada, sô!"

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Minha segunda noite sozinha

Ando pensando demais e com o quarto cada vez mais bagunçado. Quem vive aqui sou eu e os ácaros. Ligo a TV num tolo fingimento da voz me acalentar de ter a presença de alguém. Ainda não tomei banho. Penso cada vez mais e penso sobre o que penso. Fico feliz por pensar e por absorver cada palavra dita por quem me quer bem. Por quem me quer feliz. Por quem me quer eu. Por quem me quer. 
"Não importa o que fizeram com você, e sim o que você faz com o que fizeram com você". Cada coisa no seu tempo, mais paciência, limites para as suas vontades. O que você quer? O que você sente? É isso mesmo que VOCÊ deseja? Isso vai te fazer bem AGORA? Sabedoria pra pensar antes de fazer. Cabeça bagunçada não dá espaço para novos pensamentos e novos aprendizados. Esse é o espelho de um quarto bagunçado. Eu e os ácaros. Temos que ser egoístas, sim. Ninguém sabe o que é melhor pra você além de você mesmo. Foco. Vivendo e aprendendo. Indo arrumar meu quarto agora.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Minha primeira noite sozinha

Hoje minha mãe viajou. Recusei ir pra casa do meu pai porque queria sentir a solidão, não para me entristecer, mas para saber como é estar sozinha de verdade. Abracei a causa feliz, apesar de achar que se sentir só é bem ruim. Quando o momento não é bom, tem-se a necessidade de estar na própria companhia. Pelo menos eu sou assim. Temos que aprender a nos curtir e saber que a ideia do outro é mais por querer e não por precisar. Já que é assim, resolvi, de última hora, pegar um cinema. 50 Tons de Cinza na quarta de cinzas me parecia um presságio. Saí na rua e confundi pingos de ar condicionado com chuva. Por um segundo me senti acolhida, sempre me sinto assim quando chove. Levei um casaco caso estivesse frio na sala do cinema, já que não seria o calor de um outro que me aqueceria. De fora do cinema, vi muitas pessoas entrando e saindo, e lá dentro uma fila enorme para a última sessão do dia. Parece que todos tiveram a mesma ideia que eu. Cambaleei de volta e entrei no mercado, ainda aberto. Desta vez, não me importei com as pessoas. Caminhei lentamente pelos corredores, vi iogurtes, cereais, papel higiênico… Cerveja. Duas. Merda, nesse supermercado não tem nada! Um suco de abacaxi com hortelã e pão. É tudo que sobra de um dia razoável e uma noite arrasadora. Cheguei em casa me sentindo madura o suficiente para estar sozinha e me bastar, apesar de, no fundo, rir de mim mesma por saber que ainda sou incapaz. Quem sabe um dia. Por enquanto, sou uma boêmia que escreve num blog sem sucesso bebendo uma Budweiser no gargalo.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Obsessão (Devaneio - Parte II)

Queria dizer que pensei em você na noite da virada. O ano virou e eu me sinto virada de cabeça para baixo, vendo tudo que antes eu não via. Me cegava de propósito pra não te ver desse jeito que vejo agora, tão certo. Já não me blindo porque agora penso em você e nesse pensamento você é exatamente como no primeiro dia. Eu sei que é um julgamento precipitado, mas o que eu posso fazer? A minha ideia - ou seria idealização? - é essa. Eu penso em você. Agora. Há um minuto e daqui a um minuto. No meu pensamento, você me liga e diz que está com saudades e me chama para me enrolar no cobertor cinza, ou em você, e assim ficamos esperando o sol iluminar nossos rostos cansados e suados da madrugada. Eu sei que é loucura, mas penso tanto em você que me sinto, sim, louca, desvairada, depressiva, feliz. E os pensamentos sobre você aguçam todos os sentidos... Eu te vejo, te toco, te cheiro, te ouço, te como, e tudo isso é real no pensamento que penso de você. Eu espero você pensar em mim de um jeito especial e lindo, como eu te penso. Desejei a sua presença nos meus sonhos, onde você não era real, mas era (você). . E me bloqueei para não cair nesta armadilha. Ela está sempre no mesmo lugar. Às vezes eu desvio, mas inevitavelmente me distraí com o seu olhar intenso e caí na armadilha, nesse buraco no meio da floresta. Ela é escura, mas amanhece amarelada quando lembro das coisas bonitas em você. É uma luta de mim comigo mesma, mesmo que no meu pensamento você não deixe espaço para armas e no meu coração nada mais deixa caber a não ser o amor. O amor que nasce novamente das cinzas de um rasgado, sangrado, machucado, negligenciado, queimado. No meu pensamento, é você, como já foram outros. Sempre penso: será que dessa vez? Então, prometi que não vou pensar em mais nada... Mas você está lá. Você sempre está.

- Você vai tirar as fotos do meu casamento?
- Vou, sim.
- Não vai, não.
(Silêncio)
...Você vai estar muito ocupado dizendo "sim" no altar.

Constelação (Devaneio - Parte I)

Quando eu disse "dorme", fiz jus a minha tatuagem cravada na costela esquerda. Entre Júpiter e Saturno ele acorda e me faz um carinho. E cada centímetro da barba falhada dele são pedaços do cerrado. Me visto para poder sair, mas ele me despe para poder entrar. Entre Urano e Netuno ele beija o meu pescoço. Dorme e lá está ele na Lua de novo.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Procura-se


Procura-se o homem que não me procurou. Durante quinze dias eu o esperei, liguei, mandei mensagens, telefonemas, telepatias. Por favor, se você o encontrar, avise ou o traga até mim. Esse homem pode ser você. Se for, por que? Porque me fizeste cair nessa armadilha de esperar sem precisar porque você já está em outra, porque não quer, porque esqueceu. Procura-se o homem que me fez esquecer os outros, que me amou na cama durante uma noite inteira e de manhã, quando as outras janelas já se abriam para os poucos raios de luz. Procura-se o homem que eu disse “não” querendo dizer “sim”, porque ele fez nascer o orgulho que não tinha lá, esse orgulho que não deixa as pessoas viverem e fazerem o que querem, sabe? Esse orgulho que, muitas vezes, temos que ter para não sofrer ainda mais. Procura-se o homem que me buscou às duas da manhã em casa só porque estava com saudades. Esse mesmo homem, que se procura, me deixou esperar quinze dias sem notícias. Procura-se o homem abalado, sofredor, indeciso, que pode ter feito sem querer, mas abalou um coração que também sofre, também é magoado vez-sim, vez-não.  Procura-se o homem que me abraçou por trás e perguntou o motivo de eu olhar tanto a janela e que riu quando eu disse que era pelos ângulos dos prédios e a ilusão de estar em outra cidade. Procura-se o homem que me fez pensar no futuro e não mais – tanto – no passado. Mas esse homem, agora, não está aqui. Procura-se eu, novamente. Onde estou? Quem sou eu, agora?
Procura-se um Homem.