quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Minha primeira noite sozinha

Hoje minha mãe viajou. Recusei ir pra casa do meu pai porque queria sentir a solidão, não para me entristecer, mas para saber como é estar sozinha de verdade. Abracei a causa feliz, apesar de achar que se sentir só é bem ruim. Quando o momento não é bom, tem-se a necessidade de estar na própria companhia. Pelo menos eu sou assim. Temos que aprender a nos curtir e saber que a ideia do outro é mais por querer e não por precisar. Já que é assim, resolvi, de última hora, pegar um cinema. 50 Tons de Cinza na quarta de cinzas me parecia um presságio. Saí na rua e confundi pingos de ar condicionado com chuva. Por um segundo me senti acolhida, sempre me sinto assim quando chove. Levei um casaco caso estivesse frio na sala do cinema, já que não seria o calor de um outro que me aqueceria. De fora do cinema, vi muitas pessoas entrando e saindo, e lá dentro uma fila enorme para a última sessão do dia. Parece que todos tiveram a mesma ideia que eu. Cambaleei de volta e entrei no mercado, ainda aberto. Desta vez, não me importei com as pessoas. Caminhei lentamente pelos corredores, vi iogurtes, cereais, papel higiênico… Cerveja. Duas. Merda, nesse supermercado não tem nada! Um suco de abacaxi com hortelã e pão. É tudo que sobra de um dia razoável e uma noite arrasadora. Cheguei em casa me sentindo madura o suficiente para estar sozinha e me bastar, apesar de, no fundo, rir de mim mesma por saber que ainda sou incapaz. Quem sabe um dia. Por enquanto, sou uma boêmia que escreve num blog sem sucesso bebendo uma Budweiser no gargalo.

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