domingo, 5 de maio de 2013

Depois dos 12



Desde os primórdios da minha vida, nunca fui uma pessoa de sair. Se dependesse da genética de pai e mãe, eu seria um bicho-preguiça pelo resto da minha vida e viveria nessa caverna escura que eu chamo carinhosamente de quarto (hoje eu chamo carinhosamente de "chiqueiro").

Sempre vesti roupas largadas (para alguns, de menino) e sempre odiei passar maquiagem.
Abre parênteses - Cara, a SOCIEDADE é uma merda, né não?! Se não existisse esse estereótipo que mulher tem que ser magra, linda, usar salto e saber cozinhar, até hoje eu seria do jeito largada - Fecha parênteses. Gente, fui criada por um pai que ficava mais na praia do que em casa, me levava pra pegar onda em Cabo Frio e, na falta de shampoo, me ensinou a lavar a cabeça com sabonete... Vocês esperavam o quê?! shortinho de piriguete e gloss sabor morango?! Escova e cheirinho Victoria's Secret veio muito tempo depois. Nessa época era "vai de chinelo mesmo e tá bom!". Resultado: virei uma menina que usava tênis Reef verde-musgo, fui faixa azul de jiu-jitsu, mas não sabia passar rímel. Minhas amigas falavam pra eu ser mais... Arrumadinha. Ok, vai, eu vou botar uma rasteirinha.
RASTEIRINHA?! CADÊ O SALTÃO?!
Não, cara, não enche o saco. Salto dói.

Depois da menstruação, veio a vontade (mas não tão forte) de virar mulherzinha. Larguei meu sunkini magenta (só eu que usei?) e comecei a usar biquininho de moça. Que vergonha, minha bunda era toda branca. Comecei a ter que raspar tudo pra usar esse maldito biquíni e aí eu percebi, meus amigos, que dava um puta trabalho ser vaidosa. Mas era a ordem natural das coisas. Minha mãe entendia e e me ajudava nessa mudança de fase. Minhas amigas queriam sair pra beber.

O dia que eu percebi que tinha que largar esse jeito de moleque-filho-de-vagabundo foi quando fui num aniversário da minha melhor amiga, na época. Fui pra casa dela ajudá-la a se arrumar (é até engraçado pensar se eu podia ajudar alguém a se vestir). Ela estava fazendo lá pra 15 anos e botou um vestido, ficou linda. E eu... de bermuda e chinelo. Parecia que tinha voltado do skate com os mano. Ela perguntou se eu ia "assim", e eu envergonhadamente, respondi que sim, não tinha como voltar pra casa. Cheguei chorando na casa dos meus avós, contando o ocorrido. Fui amorosamente acolhida pelos meus velhinhos e aconselhada a seguir com o meu estilo, sendo eu mesma.

...Não rolou. Fiz 16 e comecei a namorar. Namorado pra lá, namorado pra cá. Aumentou a vontade de virar mais mocinha. Não sabia cozinhar, meu namorado que cozinhava para mim. Ouch! Menos ponto.Não deu tempo de ficar madura o suficiente. Fui trocada por uma italiana do olho verde que devia fazer uma comida que era massa. E era bem comida (perco o namorado, mas não a piada).

Aos 18 anos tive o primeiro porre. Ae! E já arriscava o saltinho e o vestidinho curto. A maquiagem ficava por conta das amigas. Pois é, fui vencida pela maioria. Hoje, o blush toma conta de parte do meu rosto, mas tenho saudade da cara limpa e do corpo de sal da praia do Forte, em Cabo Frio. Nada como o tempo.

Odeio boate, gente que bebe até cair, mulher que se esconde atrás dessa máscara grossa que é a maquiagem. E essas obrigações que a gente tem depois dos 12. Só porque desceu um sanguinho não quer dizer que tô preparada. Será que estou?
Vou botar meu chinelo e me recolher na minha caverna.

2 comentários:

  1. Amei!!!! Sempre andei que nem menino qnd pre adolescente e mt criticada por isso. E hj em dia me enchem o saco "vc nunca passa maquiagem. Fica tao linda" linda devia ser de cara limpa ne?

    ResponderExcluir
  2. Pra mim, foi o seu melhor texto até agora! Amei, migs! Essa é você! Hahaha. Beijos

    ResponderExcluir