quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Amor de infância

Se conheciam desde criança e nutriam um amor secreto, um pelo outro. Se encontravam à noite, se beijavam e se olhavam com o carinho de namorados de anos. Depois, seguiam a vida. Na ida para a faculdade, se encontravam no ônibus. Ela só o cutucava para ele sentar ao seu lado por educação, ela dizia. No fundo, por segurança, afeto. Ele sentava, botava o fone de ouvido e olhava para a frente. Ela pegava um livro, folheava, olhava pela janela e pensava no que ele estava pensando. Em nada, provavelmente. Ou nas provas, nos trabalhos, na responsabilidade que se tem depois dos vinte anos… Mas nunca pensava nela. Ou talvez pensasse nos momentos íntimos. Era melhor quando ele era só uma diversão, um beijo sem compromisso, mas agora que ela estava correndo atrás, sabia como essa história terminaria: como sempre termina, a-corda-que-arrebenta-para-o-lado-mais-fraco. O ponto chega e ele diz que tem que correr porque a aula é no último andar. ''A gente se encontra. Valeu."

Valeu. Na cabeça dele, ela deve ser só mais um "brother" que ele beija na boca.

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