sábado, 1 de fevereiro de 2014

Novidade?

A bolinha vermelha com o número 1 surgiu na caixinha das mensagens. Um grande amigo que não via há anos. Falar, só falou em julho do ano passado, e pelo Facebook. Tinha um pouco de medo de amigos sumidos:

- Que saudade! Quais as novas?

(Quais-as-no-vas? Quais? Nem ela sabia. Desde o tempo que se viram, muita coisa tinha mudado, praticamente tudo se encaixava nas "novas". Mas o que dizer? O que ele queria saber, de verdade? Se eu estava bem? Se eu tinha passado por maus bocados? Sofreu por amor diversas vezes, mas se perdeu na contagem, porque praticamente eram todas as vezes. Isso seria novidade? Falar o que? Que chorou até dormir, que o cachorro está doente, que a tia deu um ataque e não quis fazer o Natal? O que, meu Deus?! Viajou por cinco dias e queria passar o mês inteiro naquela cidade que não tinha porra nenhuma para fazer. Muitas casas, prédios, muitos shoppings, e quase ninguém na rua. Achava a cidade um pouco parecida com ela mesma. Talvez por parecer triste, mas com o sol e o calor, se fazia alegre por dentro. Um pouco triste, um pouco alegre. Era assim que se sentia. Deveria dizer? Talvez tenha uma entrevista de emprego em breve, mas não saberia o rumo dela. ''Vai dar tudo certo!", ele responderia, tentando dar alguma esperança. Hm, esperança. Não queria esperança, queria certeza. Esperança só faz a gente se afundar ainda mais, pensou. Talvez fosse melhor sair sem responder. Deixar um buraco na pergunta. Quem sabe ele faria a mesma pergunta no ano que vem, ou daqui a 10 anos. E nem lembraria que ela deixou um vácuo na conversa. Novas? Não tinha resposta. Era tudo novo, e tudo velho. Não ganhou na loteria, não engravidou. Mesmo que não fosse lá um pai dos melhores, engravidar seria uma novidade. Mas não. A casa tinha o mesmo cheiro, a rua o mesmo barulho. Nada. O que dizer?)

- Ah, tudo na mesma! E você?

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