quarta-feira, 3 de julho de 2013

O canto do sorriso



"Um beijo no canto do seu sorriso", ele dizia ao se despedir no telefone. Ele sabia que eu sorria ao ouvir, e por isso ele sorria ao falar. Ele falava do meu sorriso porque é a parte que mais me toca: sorriso é doce, é bonito, é verdadeiro. Sorriso não ofende, nem é vulgar. Ao falar do meu sorriso, era como se ele visse minha alma e beijasse também, inevitavelmente, as covinhas e os olhos que quase se fecham. É um jeito único de sorrir, como todos, e eu acho que ele gostava. Por mais irritante, mentiroso e cafajeste, é, talvez ele gostasse do meu sorriso, sim. Tola. Eu o conquistava com beijos, amassos, mãos, línguas, fluidos, calor, tesāo e era no beijo no canto do sorriso que ele me conquistava? Lógico que era também nisso tudo, no abraço apertado que se envolve quando deita, nos mil beijos no rosto, em andar de mãos dadas... Mas era o beijo no sorriso. Tudo sempre acabava no sorriso, claro e sim, por que não deveria? Era o dito cujo o causador de borboletas no estômago - aquelas gostosíssimas de sentir -, as mãos que não paravam de suar e o pensamento longe. Até quando brigávamos, acabava acabando em sorriso, em riso. Não era amor, veja bem. Amor é manso, calmo. O do sorriso era devastador, carnal e com um toque suave de doçura. Bem na medida certa da paixão. Até hoje não sei se gostava do sorriso ou era puramente o xaveco clássico dos malandros. O dele era branco que nem nuvem. O sorriso, claro. E perfeito, aos meus olhos. Difícil ver feiura ou falhas diante dos meus olhos, eles são críticos só para o bem. Não sei por onde anda, o sorriso e seu causador. Se perdeu por aí no meio de milhões de sorrisos, um mais bonito que o outro, e o meu aqui, ó, ficou sozinho, sem dono. Ele aparece, mas não tem ninguém para dar um beijo, acalmar suavemente. Nem para mandar um beijo no canto, aquela esquina certa que se tascasse um beijo, abria o sorriso! Abre de sésamo. Aprendeu a sorrir sozinha, a boca. Não precisa de motivo, sorri de tudo e ri para todos, e também para nada. O beijo era tão no canto que perdeu a importância.

3 comentários:

  1. Orgulho de ver essa menina crescer.
    Orgulho de ver essa mulher nascer.
    Orgulho de ver essa escritora viver.
    Orgulho de poder dizer que essa, é até morrer.
    Te amo amiga,
    Rafa!

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  2. CHOREEEEEEEEI, AMEI ESSE MARININHA!! PQP!!!!

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  3. Lindinho esseee, amiga!

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